domingo, 1 de julho de 2012

ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO RACHEL CALLIARI GRAZZIOTIN AMADEO ROSSI, 927 – NSA. SRA. DE FÁTIMA – CAXIAS DO SUL – RS Projeto de Pesquisa: Ensinar sustentabilidade exige mais ações que palavras Marcélia Avilla Manoel Adir Kischener Caxias do Sul, julho de 2012 Introdução Desenvolvimento sustentável é um assunto atual e aparentemente batido nas aulas e projetos das escolas, mas necessário se faz lembrar que não é só questão de discussão, mas de ação, a partir da compreensão de que o Meio Ambiente se constitui em um dos temas transversais (BIANCO e ROSA, 2005). Este ano, especialmente no mês de junho, representantes de todo o mundo se reuniram no Rio de Janeiro para discutir o futuro do planeta. Vinte anos após a Cúpula da Terra, realizada no Rio em 1992, a Rio+20 foi mais uma oportunidade de refletir sobre o futuro que queremos para o mundo nos próximos vinte anos. Foi uma oportunidade histórica para desenvolver ideias que possam promover um futuro sustentável - um futuro com mais postos de trabalho, com fontes de energia limpa, com mais segurança e com um padrão de vida decente para todos. Diante de tanta discussão e ações surgiu uma questão: o que a escola está fazendo para despertar a consciência ambiental e o desenvolvimento sustentável? Este projeto almeja incentivar a toda a comunidade escolar a agirem mais e falar menos, simplesmente instalando dois tambores (toneis) de 200 litros cada para captar água da chuva e utilizá-la para a limpeza da escola, irrigar uma horta ecológica (projeto em andamento) e com o tempo utilizar nos banheiros. Lembrando que a água é um elemento vital e indispensável para a sobrevivência e de certa forma a existência dos seres humanos e de todos os demais seres vivos. A água é essencial para quase todas as atividades do cotidiano do ser humano, a higiene pessoal e a higiene do ambiente em que vivemos é um exemplo disso. Também os cuidados de higiene com os alimentos e o cultivo dos mesmos dentre outras atividades que são necessárias na vida do ser humano. A água é um bem precioso e cada vez mais tema de debates no mundo todo. O uso irracional e a poluição de fontes importantes (rios e lagos) podem ocasionar a falta de água doce muito em breve, caso nenhuma providência seja tomada. Justificativa A água é um bem indispensável para a sobrevivência do ser humano, por isso é imprescindível saber utilizá-la como um recurso natural que se mal administrado poderá acabar. A pesquisa visa propor uma ação de sustentabilidade deste recurso tão importante, instalando dois tambores (toneis) de 200 litros cada no interior da escola, que serão utilizadas como reservatório de água da chuva. Esta água será reaproveitada para a descarga dos banheiros, para a limpeza da escola e para regar o jardim e horta (outro projeto em andamento), educando nossos alunos de forma prática quanto à importância da conscientização do uso dos recursos naturais, principalmente da água. Objetivo Geral Instalar no interior da escola um reservatório para a captação da água da chuva, incentivando ações que promovam a consciência ambiental e o desenvolvimento sustentável. Objetivos Específicos Motivar a comunidade escolar a um compromisso com o planeta, desenvolvendo consciência ambiental para o desenvolvimento sustentável; Diminuir o consumo da água tratada, captando água da chuva para usá-la na limpeza da escola; Instalar no interior da escola dois tambores (toneis) de 200 litros; Ensinar não mais só com palavras, mas com atitudes a importância de ações que agreguem a um compromisso social com o planeta. Fundamentação Teórica A construção de uma consciência ambiental focada na sustentabilidade dos recursos naturais exige uma profunda reflexão sobre as práticas sociais, pois conforme PORTO-GONÇALVES (2006:17): “(...) qualquer que seja o projeto (ou projetos) que se afirme a partir do mundo-que-aí-está terá que incorporar a dimensão ambiental”. A educação ambiental configura-se uma necessidade crescentemente que envolve um conjunto de atores do universo educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas de conhecimento, a capacitação de profissionais e a comunidade numa perspectiva interdisciplinar. A preocupação com o desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas, principalmente no ambiente escolar. A complexidade desse processo de transformação de um planeta, não apenas crescentemente ameaçado, mas também diretamente afetado pelos riscos socioambientais e seus danos, é cada vez mais comum. Existe, portanto, a necessidade de usar os meios de informação e o acesso a eles para o bem indutivo de conteúdos educacionais, como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação socioambiental. Promovendo um novo paradigma conceitual de valores, que pode ser compreendido como consciência ambiental, expandindo a possibilidade de a população participar em um nível mais alto no processo decisório, como uma forma de fortalecer sua co-responsabilidade na fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental. Nessa direção, a problemática ambiental constitui um tema muito propício para aprofundar a reflexão e a prática de ações que transformem a realidade utópica e demagoga em que o sistema educacional está inserido. A postura de dependência e de desresponsabilização da população decorre principalmente da desinformação, da falta de consciência ambiental e de um déficit de práticas comunitárias baseadas na participação e no envolvimento dos cidadãos, que proponham uma nova cultura de direitos baseada na motivação e na co-participação da gestão ambiental. Nesse sentido cabe destacar que a educação ambiental assume cada vez mais uma função transformadora, na qual a co-responsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento – o desenvolvimento sustentável, pois conforme ALIER (2007), o ambientalismo ou ecologismo surge justamente como uma reação ao crescimento econômico desenfreado. Entende- se, portanto, que a educação ambiental é condição necessária para modificar um quadro de crescente degradação socioambiental, mas ela ainda não é suficiente, o que, no dizer de TAMAIO (2000), se converte em “mais uma ferramenta de mediação necessária entre culturas, comportamentos diferenciados e interesses de grupos sociais para a construção das transformações desejadas”. O educador tem a função de mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito da natureza. A problemática da sustentabilidade assume neste novo século um papel central na reflexão sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que se configuram. O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem tido consequências cada vez mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. As dimensões apontadas pelo conceito de desenvolvimento sustentável contemplam cálculo econômico, aspecto biofísico e componente sociopolítico, como referenciais para a interpretação do mundo e para possibilitar interferências na lógica predatória prevalecente. O desenvolvimento sustentável não se refere especificamente a um problema limitado de adequações ecológicas de um processo social, mas a uma estratégia ou um modelo múltiplo para a sociedade, que deve levar em conta tanto a viabilidade econômica como a ecológica. Atualmente, o avanço para uma sociedade sustentável é permeado de obstáculos, na medida em que existe uma restrita consciência na sociedade a respeito das implicações do modelo de desenvolvimento em curso. Pode-se afirmar que as causas básicas que provocam atividades ecologicamente predatórias são atribuídas às instituições sociais, aos sistemas de informação e comunicação e aos valores adotados pela sociedade. Isso implica principalmente a necessidade de estimular uma participação mais ativa da sociedade no debate dos seus destinos, como uma forma de estabelecer um conjunto socialmente identificado de problemas, objetivos e soluções. O caminho a ser desenhado passa necessariamente por uma mudança na educação, pois a sustentabilidade como novo critério básico e integrador precisa estimular permanentemente as responsabilidades éticas, na medida em que a ênfase nos aspectos extra-econômicos serve para reconsiderar os aspectos relacionados com a equidade, a justiça social e a própria ética dos seres vivos. A noção de sustentabilidade implica, portanto, uma inter-relação necessária de justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão de desenvolvimento (JACOBI, 1997). Nesse contexto, segundo REIGOTA (1998), a educação ambiental aponta para propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento, desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos educandos. Para PÁDUA e TABANEZ (1998), a educação ambiental propicia o aumento de conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente. A relação entre meio ambiente e educação para a cidadania assume um papel cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais que se complexificam e riscos ambientais que se intensificam. As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização da crise ambiental demandam cada vez mais novos enfoques integradores de uma realidade contraditória e geradora de desigualdades, que transcendem a mera aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis. O desafio é, pois, o de formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora, em dois níveis: formal e não formal. Assim a educação ambiental deve ser acima de tudo um ato político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma perspectiva holística de ação, que relaciona o homem, a natureza e o universo, tendo em conta que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o homem. Por este viés todas as ações na escola devem servir de exemplos para a transformação, através de medidas simples como, por exemplo, a instalação de caixas da água para captação da água da chuva, conscientizando o nosso aluno que ações simples como esta podem fazer toda a diferença. A água desses reservatórios seria utilizada para a limpeza da escola com o tempo para abastecer os sanitários. Metodologia A captação de água das chuvas, realizada tanto por empresas e residências, não causa impacto no orçamento, além disso, é uma ação muito importante para que alcancemos o desenvolvimento sustentável, cuidando com racionalidade os recursos naturais. Abaixo se encontra um modelo simples de cisternas, baseado no modelo de minicisterna da Sociedade do Sol, a Minicisterna para Residência Urbana é um projeto versátil e de fácil execução, mas não menos eficiente. De fato, esse modelo apresenta tudo o que uma cisterna precisa, só que em escala para um tambor de 200 litros. Veja o desenho abaixo: 1 - entrada da água de chuva na Minicisterna; 2 – “T” que direciona a água para o tubo redutor de turbulência e o excesso para o ladrão; 3 - freio redutor de turbulência; 4 - pequeno orifício para escorrer toda a água de dentro do redutor de turbulência, para quando esvaziar a Minicisterna; 5 - pequena barreira para forçar com que o fluxo de água passe pela Minicisterna pelo item 3, para depois sair pelo ladrão através do item 6; 6 - saída do excesso da água de chuva para o ladrão (extravasor), levando junto as sujeiras que ficam na superfície da água; 7 - ladrão ou saída para mais uma bombona ou cisterna; 8 - torneira para usar a água da Minicisterna; 9 - válvula de retenção (válvula de pé ou válvula de poço); 10- saída para conectar a uma bomba de água para retirar a água da Minicisterna; 11 - válvula de tanque (ralinho) com registro para eliminar toda a água de dentro da Minicisterna; 12 - mangueira (externa) para visualizar o nível da água (medidor volumétrico) de dentro da Minicisterna; 13 - indicador do nível da água - bolinha flutuante preta; 14 - abertura com tampa para colocar o clorador dentro da Minicisterna; 15 - cordinha para prender o clorador na tampa (fio de PET); 16 - clorador submerso (pequeno pote com alguns furinhos). Extraído de: http://www.maiscommenos.net/blog/2010/05/captacao-de-agua-da-chuva-uma-versao-simplificada/ Acesso em: 26/06/2012. Na imagem abaixo podemos visualizar a ideia. O sistema é bem simples: a água que desce da calha passa pelo rufo, passa pelo filtro de folhas e pedras, enche o dispositivo para separação da primeira água e depois vai para o tambor. Disponível em http://www.maiscommenos.net/blog/2010/05/captacao-de-agua-da-chuva-uma-versao-simplificada/ Acesso em: 26/06/2012. Será preciso instalar um ladrão no tambor para dar vazão á água excedente. Referências bibliográficas ALIER, J.M. O ecologismo dos pobres: conflitos ambientais e linguagens de valoração. Trad. Maurício Waldman. São Paulo: Contexto, 2007. BIANCO, S.; ROSA, A.C. Hortas escolares: o ambiente horta escolar como espaço de aprendizagem no contexto do Ensino Fundamental. Florianópolis: Instituto Souza Cruz, 2005. COSTA, Elaine. Captação de água da chuva: uma versão simplificada. Disponível em: http://www.maiscommenos.net/blog/2010/05/captacao-de-agua-da-chuva-uma-versao-simplificada/ Acesso: 26/06/2012. JACOBI, P. Cidade e meio ambiente. São Paulo: Annablume, 1999. JACOBI, P. et al. (Orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SMA, 1998. LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001. PÁDUA, S.; TABANEZ, M. (Orgs.). Educação ambiental: caminhos trilhados no Brasil. São Paulo: Ipê, 1998. PORTO-GONÇALVES, C. A globalização da natureza e a natureza da globalização. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. REIGOTA, M. Desafios à educação ambiental escolar. In: JACOBI, P. et al. (Orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SMA, 1998. TRISTÃO, M. As dimensões e os desafios da educação ambiental na sociedade do conhecimento. In: RUSCHEINSKY, A. (Org.). Educação ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002.